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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Câmara de Faro: nunca um presidente completou dois mandatos

Em mais 30 anos de poder local nunca um autarca completou dois mandatos como presidente da Câmara de Faro. Apenas um foi eleito duas vezes mas renunciou ao cargo a meio do segundo mandato. Joaquim Lopes Belchior pelo PS foi o primeiro presidente da Autarquia farense. As eleições foram disputadas a 12 de Dezembro de 1976. Mas logo nas eleições seguintes, a 16 de Dezembro de 1979, Faro vira à direita e elege José Marciano Nobre, na altura candidato da AD.

Volvidos mais quatro anos, a 12 de Dezembro de 1982, Faro não volta a virar à esquerda, ganha novamente a AD, mas muda o candidato, desta feita é eleito Manuel Francisco Silva. Nas eleições de 15 de Dezembro de 1985 acaba a coligação para o PSD que concorre sozinho, e consegue manter a Câmara, mas mais uma vez com outro candidato. Vence com João Negrão Belo como cabeça de lista. E a 17 de Dezembro de 1989 ganha João Botelheiro. A Câmara volta para os socialistas.

Contabilizam-se até aqui cinco eleições sem continuidade na pessoa do presidente eleito. Seria no entanto João Botelheiro a quebrar o enguiço nas eleições seguintes de 12 de Dezembro de 1993. Os farenses dão, pela primeira e única vez na história, uma segunda oportunidade a um presidente. Botelheiro vence, mas ainda não chegara a hora de um edil completar dois mandatos em Faro. A meio do segundo mandato, em 1995, o autarca renuncia ao cargo evocando razões pessoais. O então vereador socialista Luís Coelho assume a presidência. Nas eleições de 1997, a 14 de Dezembro, Luís Coelho contabilizava dois anos de mandato por substituição, concorre como cabeça de lista e vence. Completa esse mandato, conta seis anos de presidência, e recandidata-se em 2001.

Mas em 2001 os farenses estavam dispostos a virar novamente a capital algarvia à direita. Elegem José Vitorino, independente apoiado pelo PSD. As eleições aconteceram no dia 16 de Dezembro. Mais próximo da actualidade, e nas primeiras eleições fora do mês de Dezembro, os farenses centram novamente as atenções à esquerda. Vence José Apolinário pelo PS a 9 de Outubro de 2005. Apolinário completa o seu mandato esta terça-feira dia 20 de Outubro de 2009, dia em que é empossado o novo presidente Macário Correia. Faro voltou a virar à direita coligada, desta vez com PSD/CDS/PPM/MPT.

Contas feitas, 10 eleições, nove presidentes; cinco PSD (dois em coligação AD, um sem coligação, um independente apoiado, e um em coligação PSD/CDS/PPM/MPT); e quatro edis PS. Macário Correia, eleito a 11 de Outubro último, esteve atento ao facto: timbrou bem visível no seu programa eleitoral: “Faro 2020”; e não raras vezes o disse em acções de campanha que o seu programa para “refazer a capital regional” necessita de pelo menos “dois mandatos”. A cerimónia de tomada de posse tem lugar no Teatro Municipal de Faro às 18:00 horas.


Haverá muita gente que poderá argumentar que Faro não se assume como verdadeira Capital devido à instabilidade política no Concelho, mas penso que o problema não se pode resumir a esse facto. Faro, Capital do Algarve, nunca tornou efectivo um verdadeiro plano estratégico para afirmação regional, projecto esse, que deveria estar acima do nomes, mas sim concertado nas maiores forças políticas implantadas no Concelho. Se o PS governou 16 dos últimos 20 anos, seria natural que esse plano estivesse já consolidado, independentemente da sucessão de nomes ocorrida.

Assim não foi, e agora os farenses depositam em Macário Correia esperanças redobradas, que, neste sentido são também causadores duma pressão enorme sobre o candidato, também por culpa das promessas efectuadas na campanha. Neste sentido, ao mínimo desenlace negativo, tais expectativas se tornarão em correntes de mudança, em busca de outro "Salvador"...

E Faro desespera...

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