"O catalão mais algarvio de Portugal" - "epíteto ganho pela ligação de mais de uma década ao Farense - continua de pedra e cal em terras lusas, agora ao comando de uma equipa do concelho de Palmela, onde também se sente em casa. "Passei a ser o catalão mais 'caramelo' do Pinhal Novo", diz, entre risos, Paco Fortes, actualmente o "mister" do Pinhalnovense, numa alusão à alcunha dos locais.Francisco Fortes Calvo chegou a Portugal nos anos 80. "Estava farto do futebol espanhol, muito duro". Só no aeroporto de Barcelona escolheu a rota. "Tinha duas passagens nas mãos - uma para o Celta de Vigo, outra para o Farense". Optou por esta, após servir o Barcelona e o Valladolid. Não se arrepende. "Ainda hoje sou parado nas ruas de Faro. Esse carinho não tem preço".Como jogador no Farense, de 1984 a 1989, jamais esquecerá o empate com o Olhanense, que o obrigou a sair do estádio sob escolta policial. Milhares assistiam à partida com o eterno rival da capital algarvia, que perdia por 2-0. "Só se ouviam 'olés'. Faltava um quarto de hora para o final quando marquei um golo e um colega outro. Foi uma explosão de júbilo para os farenses", recorda. Mas Paco Fortes não ousou pisar Olhão durante uns tempos. Enquanto treinador do Farense, de 1989 a 1998, levou o clube a caminhos nunca antes trilhados presença numa final da Taça de Portugal (1990/91) e apuramento para a Taça UEFA (94/95). Tinha jurado que percorreria a pé a distância entre Faro e Ayamonte, caso chegasse à final do Jamor. "São 75 quilómetros! Saí às 6 e cheguei às 21.30 horas, morto, mas cumpri a promessa!".A caminhada foi acompanhada a par e passo por populares nas ruas e através das televisões. "Quando cheguei a Vila Real de Santo António fiquei emocionado. Havia centenas de pessoas nos passeios a incentivar-me", recorda. Mediática foi também a promessa que Paco Fortes cumpriu na época 1997/98 cortou o cabelo e o bigode, porque o Farense não desceu à II Liga. Na temporada 2004/2005, já no Pinhalnovense - após passagens pelo Imortal e de novo pelo Farense -, prometeu usar brinco, se a equipa não fosse despromovida. "Andei um mês a tapar a orelha, com vergonha, e a ouvir 'Ó mister, está com dores de ouvidos?'".Paco Fortes voltou esta época ao Pinhalnovense após oito meses no Raja de Casablanca. "Foi muito bom conhecer outro futebol, outras mentalidades", afirma. Mas confessa que teve saudades dos petiscos lusos (emagreceu mais de 20 quilos) e que a barreira linguística o desanimava. "A sorte é ter descoberto que há portugueses em todos os cantos". "
In www.jn.sapo.pt
por Telma Roque
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