Pegar num «conceito inato» de paraíso perdido e trazê-lo para a cidade de Faro é aquilo a que se propõe Sidónio Pardal, o arquitecto paisagista responsável pelo projecto do futuro Parque Urbano do Vale da Amoreira.
Dois lagos, ligados entre si por uma ribeira, são elementos centrais neste espaço de lazer, que se quer relaxante e acolhedor. Para já, este é um projecto em fase de criação, que está ainda dependente de alguns estudos para tomar forma definitiva.
Terá que saber-se, por exemplo, se é viável criar lagos naturais escavando abaixo da cota do lençol freático ali existente, questão que até foi um ponto de alguma discórdia na sessão de apresentação do projecto, que decorreu na terça-feira, em Faro. O avanço deste parque urbano de 10 hectares depende, igualmente, da aprovação em Assembleia Municipal do Plano de Urbanização (PU) do Vale da Amoreira, no qual está inserido. Algo que deverá acontecer até final do ano, segundo o presidente da Câmara de Faro José Apolinário. O começo da construção deste parque deverá acontecer «a partir do segundo trimestre de 2010».
Na visão de Sidónio Pardal, um parque urbano tem que ter uma base arquitectónica «que dê ideia de espaço livre e paraíso perdido». «Só resulta se transmitir bem-estar a quem usufruir dele», acredita. Foi esta a assinatura que procurou deixar em duas das suas mais emblemáticas obras, o Parque Cidade do Porto e o Parque da Paz, em Almada. O Parque Urbano de Faro assenta num espaço quase sempre verde, com caminhos a circundá-lo, com dois lagos ao centro. Estes estarão inseridos «em taças» escavadas no terreno. «Estes elementos ajudam a criar interioridade. Superfícies côncavas dão sensação de conforto», considerou.
Uma das marcas deste arquitecto paisagista, que estará presente no parque que idealizou para Faro, é o uso de pedra, utilizada em estruturas que designa como «uma espécie de falsas ruínas». Estas marcarão «estadias», ou seja, os pontos indicados para fazer uma pausa. «Estes elementos introduzem a intemporalidade romântica. Queremos transmitir sossego, bem-estar e desprendimento», revelou. Sempre com um discurso convicto, Sidónio Pardal deixou algumas declarações mais polémicas no ar, com uma frontalidade que o caracteriza. Por exemplo, criticou os que acreditam que não se deve construir em altura junto de um parque urbano, defendendo que são estes locais que aguentam «mais pressão urbanística».
Em Faro, revelou José Apolinário, os prédios que rodeiam o espaço de lazer vão ter, no máximo, a altura de seis andares. Mas haverá outros elementos associados a este parque que não terão cotas tão elevadas. São os casos da unidade hospitalar e do centro comercial que ali serão instalados. Este último substituirá o supermercado Modelo existente nas imediações, que se mudará para a superfície comercial, promovida pelo grupo Sonae. Também será construído um hotel junto ao parque urbano.
A construção deste parque, orçada em 1,7 milhões de euros, resulta de uma contrapartida negociada pela Câmara de Faro com o promotor do PU e do processo de construção subsequente, a empresa Imogharb.
A autarquia ficará, depois da conclusão do parque, responsável pela manutenção deste espaço público. In Barlavento
Agrado-me com esta obra a ser projectada com a colaboração do actual executivo, que vêm cobrir uma das grandes pechas de Faro, podendo-se considerar um dos maiores projectos desta índole alguma vez criados de raiz por algum dos municípios algarvios, muitos deles mais interessados em eventos ou retail parks... Apraz-me apenas dizer que esperava mais das contrapartidas negociadas pela CMF com a promotora do Plano Urbanístico do Vale da Amoreira, a empresa Imogharb. A quantia de 1,7 milhões de euros, não chega para os encargos anuais da Associação de Municípios Faro/Loulé com o Parque das Cidades, a título de mera comparação, pelo que me parece, como observador, que Faro podia ter ganho mais neste aspecto, face aos lucros que a promotora angariará com tão vasta obra naquela zona da cidade. Ou não será assim?
Sem comentários:
Enviar um comentário