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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Mar encarrega-se do serviço do Programa Polis...

Mar destrói casas na Ilha da Fuzeta

A força do mar destruiu nas últimas 24 horas quatro casas na Ilha da Fuseta, Ria Formosa.

O número de habitações destruídas naquela ilha pela força da natureza desde 2008 eleva-se agora para 23
, restando menos de 60 de um total de 80 casas que ali existiam, apesar de a área estar classificada como sendo Domínio Público Marítimo.

"Todas as casas da Fuzeta estão para renaturalização (demolição) uma vez que não são de habitação própria permanente", adiantou ao Observatório do Algarve fonte da sociedade Polis Litoral Ria Formosa. "A par dessas, também o núcleo dos Hângares e as pontas da Ilha de Faro vão ser renaturalizadas, isso já estava previsto desde o POOC (Plano de Ordenamento da Orla Costeira) de 2005, acrescenta.

As demolições de casas na Ilha da Fuseta - onde não restará nenhuma edificação -, poderão aliás avançar ainda este ano, estando a operação dependente da velocidade da conclusão dos Planos de Intervenção e Requalificação (PIR).

Na ilha, casas "rasgadas" ao meio e com o recheio de fora, colchões, sofás e loiças espalhadas pelo areal era o cenário que hoje se apresentava, e as dunas recuaram cinco metros nas últimas 24 horas.

Na tentativa de reforçar as dunas e impedir que o mar avance sobre as suas pequenas casas de férias, alguns proprietários têm colocado nos últimos dias grandes sacos repletos de areia frente às suas casas.

A ponte de madeira que dá acesso à praia também ficou destruída, estando os trabalhos de limpeza e remoção de detritos a cargo da Sociedade Polis Litoral da Ria Formosa, que deverá fazê-lo ainda antes do Verão.

Enquanto tira notas do que vai observando, o geólogo Sebastião Teixeira, da Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Algarve, explica à Lusa que o facto de as casas se situarem na zona dunar dificulta a sua recuperação natural.

"Na zona onde estão as casas devia haver apenas dunas", diz o geólogo, acrescentando que as pessoas que ocupam as casas não permitem que a vegetação se instale o que é "determinante" para a formação de dunas, além de a presença das casas impedir a reposição de sedimentos.

A Fuseta, entre Olhão e Tavira, é dos poucos casos onde as previstas demolições ao abrigo do programa Polis da Ria Formosa não estão - segundo a agência Lusa - a gerar polémica, uma vez que o núcleo não tem moradores fixos, apenas casas de férias.

A faixa onde se inserem as casas ocupa cerca de 300 metros do cordão dunar, tendo sido a zona Nascente a mais afectada em termos de danos materiais, devido à ausência de dunas, o que facilitou a entrada do mar, que galgou de um lado ao outro da ilha.
In Observatório do Algarve

Nunca apresentei a minha opinião explícita sobre esta matéria neste espaço, porque de facto, trata-se de uma matéria muito sensível, que requer uma análise "caso a caso", não se podendo generalizar uma prática de renaturalização para todas as edificações nas ilhas da Ria Formosa. Do ponto de vista humano é cruel obrigar quem nasceu, cresceu e amadureceu nas ilhas barreira, em casas de toda uma vida, as quais são único habitat dessas gentes, a abnadoná-las definitivamente ao fim de tantos anos... Mesmo que construídas ilegalmente, essas habitações, ao longo dos anos foram reconhecidas pelo próprio Estado que na maior parte dos casos recolhe impostos das mesmas...

Na minha opinião, as casas de segunda habitação deveriam ser demolidas, doa a quem doer, pois não se justifica que os caprichos da época estival se sobreponham ao interesse ambiental, ainda para mais quando as mesmas acabam por colocar em perigo toda linha dunar, os habitantes e também vão desgastando lentamente os cofres do Estado devido às emergências que estas intempéries levantam... No caso das primeiras habitações haver-se-ia de analisar caso a caso e negociar com os habitantes novas habitações junto ao eixo litoral, procurando não por em causa a sua forma de subsistência...

Contudo há coisas que me fazem espécie... Fala-se tanto da subida do nível do mar, devido ao degelo nos "polos" e aprovam-se projectos milionários junto ao eixo dunar da Ria Formosa? Ainda hoje falava com alguém sobre a obra de ampliação do Aeroporto de Faro, quando há cientistas que falam na subida em 6 metros do nível do mar até 2100... Resumindo, faz sentido a renaturalizão de grande parte das ilhas barreiras, mas então e o Aeroporto vai se manter onde está por muito mais décadas? Será que não vale a pena começar a pensar a médio prazo??

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