Só espero que ela não seja a próxima vítima da asfixia democrática de que tantos apregoam...
Em plena campanha eleitoral, a directora-adjunta de Informação da RTP, Judite de Sousa, publica um livro onde reflecte sobre a relação entre políticos e jornalistas.
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Os políticos nem sempre reagem muito bem às notícias que lhe são adversas. Sente muito isso enquanto directora de Informação da RTP?
Os políticos nem sempre reagem muito bem às notícias que lhe são adversas. Sente muito isso enquanto directora de Informação da RTP?
J.S. - Sinto.
Sente-se pressionada?
J.S. - Não. Uma coisa é as pessoas darem conta do seu mal estar. O problema é que em relação à RTP a coisa piora. Historicamente, os governos tendem a ver a RTP como estando ao serviço das oposições, e estas acham que a RTP está ao serviço do Governo. Sem ironia, temos um lugar reservado no céu. Levamos pancada de todos os lados. Dos governos, das oposições, dos opinadores. O dr. Pacheco Pereira vê-me, e ao José Alberto Carvalho, ao José Rodrigues dos Santos e à Fátima Campos Ferreira como atrasados mentais, e a RTP como sendo uma caixa de ressonância do governo PS. Pensa que somos uma espécie de servos da gleba do feudalismo. Por outro lado, a ERC estabeleceu umas quotas, uma coisa impensável e que não vejo em mais lado nenhum, nem os dirigentes norte-coreanos se lembrariam de tal.
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José Sócrates também nunca foi muito simpático consigo nas entrevistas que lhe deu. Sabe qual é a razão?
J.S - É por causa do meu marido. Há muito sectarismo e mesquinhice na política. Sou jornalista há 30 anos. Já era a Judite de Sousa antes de ser casada com Fernando Seara. Não admito que ponham em causa o meu profissionalismo e a minha independência por estar casada com um político.
Há até quem ache, e na entrevista que refere as pessoas fizeram essa leitura, que José Sócrates fala consigo como se fosse seu patrão.
J.S. - Senti que foi agressivo, mal educado, arrogante e toda a gente pensou isso. O Fernando Madrinha escreveu no Expresso que, se estivesse no meu lugar, se tinha levantado e ia embora. A única pessoa em Portugal que disse que eu fui mole com ele foi a Manuela Moura Guedes. Mas como nunca o entrevistou não sabemos como ela se comportaria.
Aconteceu alguma coisa entre o seu marido e o primeiro-ministro que tivesse levado a essa mudança?
J.S. - Como nunca aconteceu nada entre nós, sou levada a crer que Sócrates deve ser daquele tipo de pessoas que emprenha pelos ouvidos. Quem gravita à sua volta, em São Bento, deve dizer-lhe assim: "aquela Judite de Sousa, casada com o Fernando Seara, que é do PSD, que derrotou a tua madrinha de casamento em Sintra..." (risos) (...)
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