Criar uma “nova centralidade” no Vale da Amoreira, em Faro, é o objectivo do Fundo de Investimento Imobiliário Imogharb, que prevê um investimento de 500 milhões de euros num empreendimento que inclui um centro comercial, um hotel, habitação e uma zona verde de sete hectares, entre outras valências.
O Plano de Urbanização do Vale da Amoreira (PUVA) foi esta quinta-feira apresentado aos cidadãos, numa sessão que ocorreu na delegação da Penha da Junta de Freguesia da Sé, com um representante do fundo imobiliário, Carlos Marnoto, e um dos arquitectos autores do projecto, Mário Trindade. Trata-se de um documento cuja elaboração foi contratualizada com o fundo, em colaboração com a Câmara Municipal de Faro, o qual permitirá “a criação de uma nova centralidade urbana e a requalificação da entrada norte” da cidade. “O que fazemos aqui é pegar numa iniciativa privada e ordenar um território mais vasto. O nosso objectivo é planear a cidade. Alguém quer investir? Nós dizemos que sim, mas com regras definidas pela câmara”, sublinhou o presidente da Câmara Municipal de Faro, José Apolinário.
Através do empreendimento Porta da Amoreira, vão ser realizadas as várias valências previstas, nomeadamente um centro comercial, um hotel, habitação multifamiliar e unifamiliar (10% a custos controlados), um parque urbano, um equipamento de saúde, residências assistidas para a terceira idade e comércio e serviços. Tudo isto implicará “o crescimento populacional em cerca de 5000 pessoas e a criação de 5500 postos de trabalho directos”, de acordo com o representante do fundo. O interesse do Imogharb na zona explica-se pelas suas “potencialidades”. “Queremos criar um projecto integrado, que requalifique a área e dinamize o concelho”, sustentou Carlos Marnoto. O centro comercial será um dos projectos mais importantes incluído no projecto global, com a gestão entregue à Dolce Vita. Ocupará 70 mil metros quadrados e acolherá 175 lojas, estimando receber 12 milhões de visitantes/ano.
O Continente será uma das lojas-âncora, obrigando ao fecho do Modelo ali situado. “Basicamente, vai operar-se a trasladação de um lado para o outro”, disse Marnoto. A empresa Dolce Vita diz que o seu conceito passa por envolver-se “com a comunidade local”, assumindo o papel de “motor económico e social da área circundante”, nomeadamente com patrocínio a clubes e eventos e apoios a instituições sociais e de caridade. A unidade hoteleira deverá ocupar uma área de 8 mil m2 e poderá ter cerca de 120 quartos, enquanto o equipamento de saúde, com uma superfície de 25 mil m2, ainda continua por definir se será um hospital privado ou uma clínica médica. Em relação a estas duas valências, “há conversações e protocolos já fechados” para a sua comercialização e gestão, adiantou Marnoto. "Medidas compensatórias" para a comunidade O plano obriga a “medidas compensatórias para a comunidade”, frisou José Apolinário.
A cargo do Imogharb ficarão as acessibilidades (vias internas e rotunda da estrada de ligação à variante norte) e a construção de um parque urbano. Este parque será o “maior espaço verde do concelho”, com uma área aproximada de sete hectares, “praticamente três vezes a Alameda”, sublinhou o autarca. O projecto, de Sidónio Pardal (autor do Parque Urbano do Porto), prevê “uma rede de caminhos que asseguram a circulação funcional dos utentes, com uma paisagem harmonizada em múltiplas clareiras, envolvidas e definidas por encostas densamente arborizadas”.
A autarquia tenciona criar um gabinete de informações dirigido aos habitantes e donos de terrenos incluídos neste plano, para responder às dúvidas, algumas delas explicitadas na sessão de apresentação. O PUVA ainda tem de ser aprovado em reunião de câmara e em sede de assembleia municipal. O fundo Imogharb prevê ter concluída a infra-estruturação dos terrenos em meados de 2010, estimando-se o início da construção para final desse ano. A conclusão total do Porta da Amoreira está prevista para 2013.
In Região-Sul
Com o Programa do Polis Litoral a dar os primeiros passos, e agora com a apresentação deste novo plano para a zona norte da cidade, não seria oportuno, neste momento, discutir-se a futura localização da linha de caminho de ferro, desanuviando assim a cidade deste laço que a têm estrangulado à décadas?
3 comentários:
175 lojas e 12 milhões de visitantes ano? Nem o Forum quando abriu em 2001 e não tinha concorrência conseguiu semelhante pujança. Isto é um barrete destinado a salvar meia dúzia de construtores falidos, mas não vai sobrar nada. Ah e mais, transformar a N2 numa rua onde vão desaguar todos os acessos daquela nova zona residencial vai ser um must...
A propósito do futuro de Faro, é interessante analisar esta noticia que veio no Correio da Manhã de quinta-feira e revela o carácter do sr. Macário Correia, um dos vários candidatos à Câmara Municipal de Faro.
Expulso sem saber porquê
Sandro Colaço, professor de Expressão Corporal do ATL da Escola Básica de Santa Luzia, Tavira, foi suspenso pela autarquia, na quinta-feira, depois de um acidente durante uma aula que envolveu o filho do presidente da câmara, Macário Correia.
"Era um exercício normalíssimo, supervisionado por mim", explica o docente, que diz não saber por que razão está suspenso. A turma tinha terminado o ensaio da peça ‘Inspector Tótó’ e, no exercício seguinte, com os alunos de olhos vendados, o filho do presidente da Câmara de Tavira feriu o lábio.
"O professor é muito querido, é boa pessoa e não é justo ir para a rua por o acidente ter sido com quem foi", desabafa uma das empregadas, sob anonimato.
Sandro Colaço "tem feito as festas mais lindas desta vila e todos os alunos têm um enorme carinho por ele", diz a coordenadora da escola. Aida de Jesus, que também desconhece oficialmente o motivo da suspensão, acrescenta que "toda a escola está em choque, todos têm plena confiança no trabalho do professor e respeitam-no".
As aulas de Expressão Corporal estão agora a ser leccionadas pela professora de Expressão Plástica e há alunos que reclamam pelo regresso de Sandro Colaço.
Macário Correia não comentou a suspensão do docente. "São assuntos internos da câmara, envolvendo um familiar e por uma questão de ética e boa educação não presto declarações", disse.
A novela continua…
Esta notícia vem no Jornal Expresso.
Os pais dos alunos da Escola de Santa Luzia, Tavira, exigem a readmissão de um professor de expressão dramática substituído por Macário Correia há duas semanas, na sequência de um acidente que envolveu o seu filho.
Questionado pela Agência Lusa sobre a tomada da decisão dos encarregados de educação, o presidente da Câmara de Tavira , Macário Correia, admitiu hoje que o período pré-eleitoral que se avizinha com as eleições autárquicas é a causa para algumas pessoas se manifestarem sobre uma decisão daquela autarquia ter mandado substituir um professor.
O autarca explicou que "foi sugerida outra actividade mais segura, com outro monitor naquela escola", depois dos serviços educativos da autarquia terem elaborado um relatório que conclui "pela inadequada vigilância das crianças no exercício em causa".
Contudo, o professor Sandro Colaço adiantou à Lusa nunca ter sido ouvido antes de lhe ter sido comunicada a sua substituição.
A Associação de Pais do Agrupamento de Escolas de Santa Luzia, Tavira reuniu esta segunda-feira com a presença dos encarregados de educação das crianças que frequentavam a actividade extra-curricular na Escola Básica de Santa Luzia e do encontro saiu uma petição onde se pede que as aulas entretanto suspensas possam reabrir.
Na petição assinada por todos os encarregados de educação, à excepção de Macário Correia, os pais pedem ao autarca de Tavira para ouvir o testemunho dos colegas de turma do filho e recusam a ideia que naquela aula de expressão dramática decorram exercícios perigosos.
Para o Sindicato dos Professores da Zona Sul , a situação é um "mau prenuncio", não só porque "se trata de um autarca defensor da municipalização das escolas", como também porque, "com a nova legislação, a gestão das escolas podem ficar subordinadas ao poder autárquico", disse Rui de Sousa.
Nunca pensei que o Macário tivesse uma postura tão reles como esta. Isto são tiques ditatoriais do mais baixo que há.
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