Powered By Blogger

terça-feira, 30 de março de 2010

Farense/Centenário: 1930-1949 – Do «Oitavo Exército» ao «Desperdício de Faro»…

António Gralho foi um dos vários Gralhos que representaram o Farense nos anos 20,30 e 40. Este,avançado-centro,ainda jogou uma época no Sporting Clube de Portugal,os outros,Joaquim  Gralho,José Gralho,João Gralho(todos nos anos 20)e Jorge Gralho(anos 40),jogaram sempre no Farense,com excepção de Joaquim,que jogaria também vários anos no Olhanense. Nos anos 30, o Farense começa a evidenciar-se, ficando muito perto de atingir o topo do futebol nacional, nos alvores da criação da I Divisão.

A 8 de Outubro de 1933, o Farense derrotou o Louletano por 17-0, um dos registos mais volumosos de sempre. A equipa (Aurélio; António Serrano e António Jorge; João Coelho ou Chumbinho, Vivaldo e Joaquim da Rosa; Teodoro, Valêncio, António Gralho, Marti e Rolo) acabaria por vencer o Campeonato do Algarve, numa finalíssima disputada em Olhão com o Portimonense. O árbitro? João Gralho, esse mesmo, fundador do Farense. Houve pedras pelo ar, invasão de campo, pancadaria, mas a equipa de Faro bateu o adversário por 4-0.

A segunda metade da década de 30 marca um dos períodos mais brilhantes da história do emblema algarvio. Por estas alturas, o Farense contratou o seu primeiro treinador especializado e profissionalizado, o ex-internacional Carlos Alves, avô de João Alves, ambos conhecidos pelas «luvas pretas».

Em 1937/38, o Farense foi novamente campeão do Algarve. Terá sido, rezam as crónicas, a equipa que melhor futebol praticou na história do clube. Os nomes: Assunção; Venâncio e António Jorge; João Coelho, Marti e Joaquim Rosa; Blé Catarino, Filipe Silva, Vilanova, Mariano e Jorge Gralho.

Foi sem treinador (Carlos Alves tinha saído) que o Farense iniciou uma das mais brilhantes épocas da sua carreira, em 1939/40, vencendo a II Divisão. A equipa-tipo: Assunção; Zita e Domingos Mendonça; Aurélio, Marti e Pirete; Blé Catarino, Jorge Gralho, Palmeiro, Vilanova e Nunes. Os farenses venceram a primeira fase com um ponto de vantagem sobre o Olhanense e, depois, eliminaram Luso de Beja e Casa Pia. Na Tapadinha, o Farense encontrou-se com o vencedor da zona Norte, o Boavista, e bateu os portuenses por 3-2. Porém, os regulamentos reservavam a máxima prova do futebol nacional a um conjunto reservado de emblemas e a turma de Faro não subiu à I Divisão Nacional, cenário que mudaria dois anos depois, então em prol do Olhanense, o primeiro clube algarvio no escalão máximo do futebol luso.

O Farense respondeu com a contratação de elementos valiosos como Norberto Franco e Conceição Rodrigues, numa equipa comandada, de novo, por Carlos Alves, e à qual foi atribuída o epíteto de «Oitavo Exército». No encontro com o primodivisionário Olhanense (dos históricos Grazina, Abraão e Cabrita), a equipa de Faro venceu 3-2, com um «hat-trick» de Rodrigues. Depois de várias goleadas, uma péssima segunda volta deitaria por terra as hipóteses de conquistar o Campeonato do Algarve.

É igualmente na década de 30 que arranca a prática da segunda modalidade do Farense, o basquetebol. O emblema de Faro foi 3.º classificado no primeiro campeonato da história. Os pioneiros desta modalidade na capital algarvia foram José Gonçalves, António Rio, José Farracha, Luz, António Dias e José Libório. Farracha, o grande impulsionador da modalidade, é o treinador do «cinco» que conquista o primeiro Campeonato do Algarve, em 1940/41. Também vem desta altura o início de outras modalidades ditas amadoras no Farense, como o ciclismo – uma equipa participou até na V Volta a Portugal, em 1934. E no ténis de mesa, 1943 foi o primeiro grande ano, com diversas vitórias em troféus regionais. A vitória na Taça Náutico, dez anos depois, consagra uma das triplas mais fortes de sempre: Madeira, Paraíso e Humberto.

No futebol, após a excelente década de 30, seguiu-se uma «travessia do deserto» que levaria mesmo o Farense a alterar a sua denominação. Segundo explica o livro «História e Vida do Sporting Clube Farense», alguns propunham a fusão com o Lisboa e Faro, mas este recusou, por isso avançou-se apenas para a mudança de nome para Clube Desportivo de Faro, que existiu entre 1 de Abril de 1946 e 1 de Setembro de 1948, sendo conhecido na capital algarvia como o «Desperdício de Faro». Uma «crise de identidade» que durou pouco tempo...
In Região-Sul por Edgar Pires

Sem comentários: