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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Farense/Centenário: 1990-2010 – Da final perdida no Jamor ao «inferno» dos Distritais...

1990 foi o ponto de partida para o melhor período da história do clube. A melhor época de sempre do Farense é a de 1989/90. Uma equipa-maravilha e um técnico jovem, aguerrido e espectacular no modo de viver o jogo, suportados por um público que fez nascer o «inferno» do São Luís, conseguem a subida à I Divisão, com 13 pontos de vantagem sobre o segundo classificado, e uma carreira magnífica na Taça de Portugal, onde apenas seriam derrotados pelo Estrela da Amadora, treinado por João Alves, o «luvas pretas», neto de Carlos Alves.

Após dois jogos e 210 minutos de muita emoção, o Estrela arrebatou a 50.ª edição da Taça de Portugal, vencendo o Farense, por 2-0, no encontro da finalíssima, uma vez que a final havia acabado em empate (1-1), com golos de Nélson Borges e Fernando Cruz. Ambos os jogos tiveram o Jamor como palco, com o Farense a «arrastar» milhares de espectadores em dois fins-de-semana consecutivos…

Na finalíssima, o Farense actuou com Lemajic; Sérgio Duarte; Carlos Pereira (Ricardo), Marco e Eugénio; Pereirinha, Ademar, Formosinho (Mané) e Nelo; Pitico e Fernando Cruz.

Os amadorenses, mais organizados, superiorizam-se aos algarvios. Nos primeiros minutos, o Farense pressiona mas não chega a criar verdadeiro perigo. O conjunto de Lisboa equilibra a partida e à meia hora Paulo Bento marca o golo inaugural. Na segunda parte, Ricardo sela a vitória do Estrela. Um dos momentos mais brilhantes da história do Farense ficou a meio...

Seguem-se resultados espectaculares, sob o comando de Paco Fortes. Pitico, Mané, Sérgio Duarte, Luisão, Portela, Eugénio, Hajry, Djukic e Hassan são alguns dos atletas em destaque neste período.

Entre 1990 e 1994, a turma de Paco Fortes consegue dois sextos lugares (91/92 e 92/93), um 8.º (93/94) e um 11.º (em 90/91). Para a história fica o 5.º lugar de 94/95, valendo a qualificação para a Taça UEFA: em 34 jogos, 16 vitórias, cinco empates e 13 derrotas, com 44 golos marcados e 38 sofridos. Compunham o plantel os seguintes jogadores: Rufai e Ivo; Portela, Miguel Serôdio, Jorge Soares, King, Mário Oliveira, Stefan, Raúl, Paixão e Nuno Amaro; Sérgio Duarte, Tozé, Helcinho, Barrigana, Hugo, Paulo Pilar, Calita e Hajry; Hassan, Djukic, Mané, Moussa N’Daw e Curcic. O melhor jogo do Farense, nesta época, é a vitória-goleada sobre o Benfica, em casa, por 4-1, na 27.ª jornada, com golos de Moussa N’Daw (2), Hassan e Jorge Soares. A culminar uma época brilhante, Hassan foi o melhor marcador, com 21 tentos, valendo quase 50 por cento do total da equipa. Seguiram-se Helcinho, Djukic, N’Daw e Jorge Soares.

Na época seguinte, o Farense, com um plantel praticamente igual ao que tinha conseguido o 5.º lugar, cumpre dois jogos na Taça UEFA, contra o Lyon (França), que se saldaram por duas derrotas, ambas por 0-1. Um azar no sorteio impediu que a segunda equipa algarvia a participar nas competições europeias (depois do Portimonense, nos anos 80) pudesse chegar mais longe na saga europeia.

Na I Divisão, ultrapassados os grandes momentos, o Farense consegue classificações abaixo da metade da tabela. A época 1998/99 marca a despedida de Paco Fortes, substituído por João Alves, após uma derrota na Luz, por 5-0. O espanhol voltaria três anos depois mas não salvou o Farense de descer na 23.ª temporada (2001/02) dos algarvios na I Divisão.

A criação de uma Sociedade Anónima Desportiva, em 1999, foi a solução encontrada para melhorar a gestão do clube mas nem a presença de accionistas espanhóis, designadamente a Halcon, conseguiu resolver os problemas económicos e as dívidas de milhões de euros, cenário que piorou bastante com a descida à Liga de Honra, em 2002.

A partir daí, foi o descalabro: desde a descida na «secretaria» da Liga de Honra até às dificuldades em inscrever jogadores e o recurso aos juniores na III Divisão Nacional... Depois de uma época sabática, o futebol sénior (no clube, porque a SAD acabou extinta anos depois) voltou em 2006-2007, utilizando um novo recinto, o Estádio Algarve, e alcançando duas subidas consecutivas. A equipa da capital algarvia, a tentar o regresso aos grandes palcos, luta agora pela promoção à II Divisão Nacional.

In Região-Sul por Edgar Pires

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