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terça-feira, 7 de outubro de 2008

Farense com luz ao fundo do túnel?

O presidente da Câmara Municipal de Faro diz que o Plano de Pormenor de São Luís, um dos entraves à venda do Estádio, poderá ser alterado a partir de Agosto. Compradores “só” têm de arriscar...

O plano de pormenor a partir de Agosto de 2008 pode ser alterado, já passaram três anos desde a sua aprovação, mas para isso é preciso um impulso de alguém, seja do Farense ou de outro eventual interessado”.
As palavras de José Apolinário revelam que afinal, um dos principais obstáculos à venda do Estádio de São Luís (por causa do índice de construção relativamente reduzido), poderá ser desmistificado.
Apolinário é claro, no entanto, em afirmar que não se devem criar expectativas de curto prazo, uma vez que uma alteração possível do Plano de Pormenor demorará sempre mais de 18 meses: “Quem estiver interessado nesse plano terá de arriscar e comprar dentro das condições actuais porque são as que resultam actualmente da utilização dos instrumentos de planeamento”, afirma, em entrevista ao Observatório do Algarve.
Negando ter-se alheado do processo da venda do Estádio de São Luís, Apolinário justifica algum afastamento pelo facto de, apesar de a autarquia ser a proprietária dos terrenos onde o Estádio se encontra (o que faz com que não possam ser penhorados pelas Finanças), a alienação estar a cargo da Comissão de Venda: “Cada coisa no seu lugar. O processo de venda é conduzido pelo Farense e por uma comissão eleita em Assembleia Geral do S.C.Farense”, garante.
O mesmo se aplica – diz o autarca - face a uma eventual decisão de englobar ou não o Pavilhão ou o Ginásio-Sede num eventual negócio (como pretendia um dos proponentes), uma vez que esses dois bens estão registados a favor do Clube (ainda que com hipoteca) e resultaram de uma recolha de fundos promovida pelos sócios.
Recorde-se que, essa era aliás a intenção de um dos concorrentes ao São Luís: a proposta, da autoria do grupo Retail Parks de Portugal, SGPS, liderado por Alexandre Alves, foi excluída alegadamente por ter interesse nos edifícios do Pavilhão e Sede, não incluídos no caderno de encargos. Por abranger uma área maior, a proposta era também mais elevada que a da Byte Eficaz, empresa liderada por Mário Rocha, que oferecia 15 milhões de euros mas invocou entre outros motivos a existência do contrato com o actual Pingo Doce para a não-realização do negócio.
Já a Retail Parks propunha-se adquirir todas as infraestruturas por 20 milhões de Euros e como contrapartidas propunha a construção, noutro local próximo, de um estádio com 1.500 lugares, três campos de treino e um ginásio, entre outros equipamentos.

Trocar a relva por um shopping?
Sem querer comentar as propostas, “até porque as desconheço em profundidade”, Apolinário mostra-se apologista de atrair superfícies comerciais para o Centro da Cidade e aponta exemplos no estrangeiro que têm dado resultados.
Em suma, José Apolinário não exclui de todo a hipótese de, no São Luís, poder nascer afinal uma média superfície de comércio: “Tenho muitas dúvidas que um Centro Comercial de dimensão – de 30 mil metros –passe o crivo da avaliação ambiental, mas se calhar um de 10 ou 12 mil metros poderá passar. [No São Luís] existem 3.000 metros de área comercial autorizada e 5.000 metros quadrados de escritórios. Qualquer coisa economicamente viável que permita passar numa avaliação ambiental, é razoável”, admite. “Mas não se pode obrigar a comissão que foi eleita a assumir um plano que não existe. A Comissão tem de responder perante o que está autorizado”, acrescenta o autarca.
A questão é que para se tornarem “apetecíveis” do ponto de vista financeiro, as grandes superfícies comerciais rondam habitualmente os 25 mil metros.
Daí que qualquer promotor que venha a investir na aquisição do Estádio de São Luís tendo em vista um grande espaço comercial terá não só de ter paciência e fazer fé no novo Plano de Pormenor, como ainda aguardar pelo aval de Lisboa (da Agência do Ambiente) face a um Estudo de Impacte Ambiental que analise as condições de tráfego, de ruído e de estacionamento necessárias para este tipo de estruturas.
“Se fosse para um shopping ou uma grande superfície comercial, tínhamos muitos grupos interessados e o valor do Estádio seria bem superior ao que estamos a pedir”, afirmava a semana passada Aníbal Guerreiro, presidente da Comissão de Venda do Estádio de São Luís.
No entanto, no novo concurso que será lançado esta semana, o valor solicitado pelo imóvel deverá ser exactamente o mesmo, 14 milhões de euros, “esticando” no entanto as condições de pagamento, para aliciar um pouco mais os potenciais compradores.

É que o fisco, ainda que receba mais de 700 mil euros por mês ao abrigo do Pacto Extrajudicial de Conciliação, não parece disposto a esperar muito mais tempo para cobrar a dívida do clube, que ascende a perto de 11 milhões de euros.
“Há serviços do Estado que parecem apostados em não encontrar soluções”, desabafa José Apolinário, sem nomear quais. “Eles sabem muito bem quem são”, conclui.

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