O golo de Pintassilgo, aos noventa e um minutos na conversão duma grande penalidade foi o corolário de trinta minutos de intenso domínio algarvio no último terço da partida, justificando claramente a vitória pela raça e querer demonstrados em campo nesse período, invertendo um score de 0-2, consolidado ainda nos primeiros vinte minutos de jogo.
Terminou em apoteose o jogo desta tarde disputado no estádio Algarve. Frente a frente estavam as equipas do Farense e Castrense, à partida separadas por quatro pontos nesta jornada. O Farense apresentou-se hoje muito desfalcado,em virtude dos atrasos burocráticos dos últimos reforços, mas principalmente com jogadores afectados por lesões e gripes, o que tornava a tarefa dos comandados de António Barão ainda mais difícil.
O jogo iniciava-se então no bem tratado relvado do Estádio Algarve, sob uma temperatura fresca mas debaixo dum sol radioso que convidava os interpretes a uma sinfonia bem afinada... Mas o Farense não correspondeu às expectativas depositadas e apresentou-se em campo com nítidas dificuldades na troca de bola... Ainda nem dez minutos haviam passado e já os algarvios se viam perder, graças a um golo de belo efeito marcado pelo Castrense, o qual intranquilizou ainda mais o Farense. O Castrense jogava mais no meio campo farense e como consequência disso chegava mais vezes à baliza de Costa. Seria num desses lances que Rui Graça cometeria uma falta dispensável na área, conduzindo o Farense para a beira do precipício, pois ficava a perder por 0-2 e pior que isso não mostrava argumentos para ultrapassar um adversário que trocava muito bem a bola e onde tinha jogadores rápidos na frente, que sempre que podiam incomodavam os defesas algarvios. Perante este cenário, Della Pasqua, vindo de lesão foi "lançado às feras", única solução ofensiva no banco, na tentativa de dar mais apoio a Pintassilgo e libertá-lo um pouco das amarras a que estava sujeito, dando também maior instabilidade à defesa contrária. Mas, o meio campo não produzia e o guarda redes Peraltinha não era chamado a intervenções complicadas, o que traduzia a qualidade do jogo ofensivo dos Leões de Faro.
António Barão percebeu isso e lançou ao intervalo uma unidade mais criativa no meio campo, Luís Afonso, que apesar de debilitado fisicamente, e, com o auxílio de Hernâni lançado quinze minutos mais tarde, trouxe mais alegria ao jogo algarvio. Ultrapassada a hora de jogo, e já após o Castrense ter tido uma ocasião soberana para matá-lo de vez, após duplo desperdício dos seus atacantes, primeiro numa bola à trave e depois na recarga defendida in-extremis por Costa, o Farense partiu então para uma meia hora muito forte, do melhor que se viu esta época, transfigurando-se completamente. Era uma equipa mais pressionante, rápida e organizada e com isso foi ameaçando cada vez mais a equipa alentejana que já denotava algum cansaço e pouco discernimento. Iam-se coleccionando livres e lançamentos laterais junto à área até que Pintassilgo marcaria o golo da esperança, a cerca de vinte e cinco minutos do final do jogo. Perante este cenário assistimos então a um período em que os visitantes preferiram abdicar do futebol para dar lugar a um anti-jogo condenável, atrasando as substituições e acumulando lesões sucessivas nos seus jogadores... Mas o Farense, apesar destas adversidades, mostrava raça, criava oportunidades, e foi desta forma que chegou à igualdade já perto dos "noventa", mas ainda a tempo de garantir a vitória, já em período de descontos através duma grande penalidade contestada pelos forasteiros, mas bem assinalada. Foi a loucura no Estádio Algarve! O golo de Pintassilgo trazia justiça ao resultado e era uma justa recompensa para os homens de Castro Verde que tudo fizeram para queimar tempo, isto com a complacência do árbitro, que apenas havia dado cinco minutos de descontos.
Vitória muito importante, e que permitiu ao Farense segurar o sexto lugar, aproximando-se de todas as equipas da frente à excepção do líder Cova da Piedade, situação que permite encarar com mais confiança esta segunda volta do campeonato.
Camp. Nac. 3ª Divisão, SérieF, 15ªJornada
Estádio Algarve (Parque das Cidades)
Assistência: 400 espectadores
15 horas, 04/01/2009
Árbitro: Joaquim Rabasqueira (Évora)
FARENSE 3-2 CASTRENSE
(8 mn, por Nuno Martins,num forte e colocado remate de fora da área, descaído pela esquerda ao qual Costa pouco podia fazer)
(17 mn, por Pedro Lança, na sequência duma grande penalidade bem cobrada para a esquerda de Costa, castigando uma falta de Rui Graça que agarrou Rui Pepe na área)
(66 mn, por Pintassilgo, após um livre cobrado da esquerda do ataque farense, há um desvio no segundo poste de Rui Graça e aparece Pintassilgo a marcar de cabeça o golo que animava de novo as hostes farenses)
(82 mn, por Luís Afonso, livre descaído pela esquerda marcado à maneira curta, onde Luís Afonso desfere um remate de longe mas fortíssimo, fazendo a bola entrar junto ao ângulo superior esquerdo da baliza defendida por Peraltinha)
(91 mn, por Pintassilgo, jogada dentro da área castrense, junto à linha onde o Della Pasqua é derrubado por um defesa contrário. Assinalada grande penalidade e Pintassilgo, chamado para a cobrança, engana o guarda redes e faz o golo da reviravolta)
Farense: Costa; Cannigia, Rui Graça, Arlindo (Luís Afonso 46mn), Wilson (Della Pasqua 25mn); Carlos Neves, Zé Nascimento (Hernâni 60mn), Barão, Norberto, Pintassilgo, Toni. Treinador: António Barão
2 comentários:
Quem foi derrubado na área do Castrense foi o Della Pasqua...
Também fui ver este jogo e lembrei-me dos velhos tempos - uma garra à antiga, à... Paco Fortes (na segunda parte). Que saudades ! Talvez um dia consigamos voltar à Primeira Divisão ! Força Farense !!
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