Quando a alguns dias do inicio do Mundial, o melhor treinador do mundo, José Mourinho disse taxativamente nem com Ronaldo a mil por cento, a Selecção Nacional poderia ambicionar a algo... Toda a gente deu um sorriso amarelo porque percebeu implicitamente onde Special One queria chegar... Porque se a Selecção Portuguesa têm jogadores emergentes como Eduardo e Coentrão a jogar em Portugal, mas muito mais jogadores espalhados pelo Real Madrid, Chelsea, Atlético de Madrid, Werder Bremen, Valência, Porto, Benfica ou Manchester United se percebia que o "mal" não estaria nos jogadores mas sim noutras permissas... ou seja o treinador!
Depois da medíocre fase de classificação, em que conseguimos o apuramento in-extremis depois de depender de terceiros, praticando um futebol triste, defensivo e muitas vezes dependente de um génio que ousa mais evidenciar-se a si do que a própria equipa, veio o sorteio para o famigerado play-off e por sorte coube-nos um dos adversários mais fáceis do lote a escolher, a equipa da Bósnia, garantindo com naturalidade o apuramento.
Os jogos de preparação já anteviam as dificuldades da nossa Selecção nesta competição, tudo isto porque verdadeiramente se comprovou que esta equipa não têm o espírito nem dedicação de outros tempos. Tirando os novatos que fizeram desta competição como que uma relação de "primeiro amor" todos os outros disfarçaram o estado de espírito com algumas boas prestações individuais de bom nível (Ricardo Carvalho, Bruno Alves, Tiago, Raul Meireles) mas nunca se evidenciou o trabalho positivo de Carlos Queiróz. Muitos já esqueceram a exibição vergonhosa, mas pior que isso a atitude medrosa do numero 3 do ranking mundial, contra a Costa do Marfim, que nos podia mesmo ter tramado nos últimos minutos com Drogba em campo preso por arames...
Mal de nós se contra a Coreia do Norte (105º Ranking FIFA possivelmente sem lugar para lutar pela subida na Liga Vitalis, equipa apurada num jogo decisivo com a poderosa Arábia Saudita, treinada por José Peseiro) não entrássemos a todo o gás. O resultado de 7-0 foi enganador mas a euforia foi crescendo em torno da Nossa equipa e o novo nulo com o Brasil, deixou alguns portugueses em êxtase, não lhes ocorrendo que o empate servia às duas equipas, e que Portugal havia montado um "muro" à frente das segundas linhas do Brasil. Claro que empatar com o Brasil não é um resultado qualquer, mas observando as circunstâncias em que foi obtido, admitia-se que este resultado seria o corolário natural duma equipa que defendia com um grande guarda redes, e dois grandes centrais, as investidas do tímido ataque brasileiro, possivelmente o mais frágil das últimas edições dum Campeonato do Mundo.
Por isso, como escrevi na passada sexta-feira estava ansioso em perceber como iria reagir a equipa portuguesa a um jogo em que a se submeter a uma defesa porfiada poderia enfrentar sérios problemas perante um adversário muito forte, mas não impossível de derrotar, não tivéssemos mais uma vez entrada mal na partida, o que poderia ter trazido dissabores bem mais cedo. Como havia aludido, a carreira de tiro espanhola, dentro e fora da área iria trazer problemas e felizmente a equipa nacional foi reagindo e chegou a equilibrar o jogo, quando Ronaldo foi deslocado para o lado de Sérgio Ramos, o lateral mais ofensivo da armada espanhola, então mais inibido com a presença de Ronaldo, que mesmo jogando mal e só pensando no seu ego, impunha respeito. Com este fôlego a equipa podia então trocar melhor a bola e por alguns minutos foi incomodando Casilhas.
Mas, após o intervalo, já com quase uma hora de jogo e após Hugo Almeida ter criado o lance mais perigoso de Portugal, sendo mesmo o homem em maior evidência no ataque nacional, Queiroz lembrou-se de o tirar, talvez para permitir que a Espanha pudesse então subir as suas linhas,e com a entrada de Llorente insistir no jogo de pé para pé que tanto gosta. Estava feita a asneira...A equipa foi ao fundo e por culpa do marinheiro!
A verdade é que como havia previsto, a equipa portuguesa não está preparada para jogar de igual para igual, com capacidade e dinâmica para ir em busca do golo contra adversários da sua igualha, com a agravante de além disso não arriscar no posicionamento em campo, com a entrada de jogadores atacantes que fizessem a diferença em termos tácticos. Ficou patente que Carlos Queiróz não havia preparado a equipa para jogar com dois homens na frente, evidenciando incompetência a esse nível como se prova nos zero remates em mais de meia hora de jogo que ainda faltava. É com vergonha que digo que das 16 equipas que disputaram os oitavos de final, fomos a mais dificuldade tivemos em responder ao golo de um adversário em disputa directa. Porque evidentemente não pediria a Queiroz uma vitória contra a Espanha, mas sim uma atitude destemida e condizente com a nossa história nos largos confronto com o país vizinho.
Estamos fora do Mundial! E por culpa própria, entre os desabafos de Cristiano Ronaldo contra Queiróz, mas também entre as lágrimas abundantes de Eduardo no final da partida e as gargalhadas bem visíveis de Pepe quando os jogadores portugueses se encaminhavam para os balneários no final do jogo... A Espanha ganhou bem, com mérito e apenas se pode queixar do resultado ter sido pela margem mínima não fosse a brilhante exibição de Eduardo, o melhor em campo, e talvez a melhor decisão de Queiroz contra os seus críticos(onde me incluo) neste Mundial...
A festa do futebol segue dentro de momentos, mas agora sem os "Navegadores" afundados pelo marinheiro na Cidade do Cabo... E esta hein?
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