"(...) Por esta altura já os South Side fazem parte dos adolescentes farenses, criando iniciativas extra-desportivas, como os lendários concertos SS realizados no espaço 20 de Janeiro, com a presença de bandas míticas locais como os Punk-kecas e Sem Fuga. As quatro deslocações no primeiro ano reflectem a vontade de espalhar o espírito SS pelos estádios do país, destacando-se a invasão a Leiria onde a claque se apresentou em força.
No último jogo em casa frente ao Est. Amadora festejava-se a primeira ida à UEFA, realizando-se uma dupla coreografia, em que o topo norte apresentava dois panos gigantes e no topo Sul vigorava uma faixa com os dizeres: “NASCEMOS PARA TE LEVAR À EUROPA”. No final do jogo, uma invasão de campo (a primeira de muitas) festejada ao rubro.O SC Farense estava em alta, impulsionado por um grupo que se começava a definir como Ultra. Neste mesmo ano, Hassan foi o melhor marcador da 1ª liga com 31 golos e o Farense subia à divisão principal em basquetebol, após uma poderosa invasão SS a Olhão. No final da temporada os South Side Boys já se destacavam no panorama nacional. Um primeiro ano atribulado e intenso para O grupo algarvio.
A segunda época iniciou-se frente ao Tirsense onde, para além da abertura de extintores inaugura-se a faixa “SIEMPRE BIANCONERO”, um colosso de 18 por 2 metros. Com uma mentalidade ultra mais madura as coreografias revelaram-se originais e surpreendentes. Belos exemplos são os tifos com o Sporting (topo repleto de cartolinas brancas), com o Benfica (enormes plásticos brancos que descendo formaram as siglas “SCF”), com o Boavista (6 letras gigantes e uma faixa pedia aos jogadores “VENÇAM…Merecemos ficar na primeira”) e frente ao O. Lyon (bandeira nacional com cartolinas), na primeira e única vez que os SS seriam anfitriões de um grupo ultra estrangeiro, Bad Gones. Frente ao Porto, além da massiva presença no estádio, a cidade seria brindada com uma deslocação interna SS, iniciando-se no largo da pontinha com subida pela avenida do Liceu, com a faixa Ragazzi precedendo os cerca de 250 ultras presentes.No que se refere a deslocações (8 no total), destacaram-se algumas realizadas por verdadeiro amor ao clube, principalmente ao norte do país: 3 ultras presentes em Guimarães exprimiam numa faixa o seu sentimento (“1500 Km reflectem o nosso amor por ti”); em Braga, 10 SS conseguiram regressar a Faro graças à ajuda do treinador e equipa técnica do clube; no Bessa, 5 elementos ficaram rodeados de Panteras Negras; em Lyon, 15 ultras lidaram de perto com fortes medidas de segurança, as quais obrigaram ao corte em 6 partes da faixa PRESENTES (nesta deslocação destaca-se o pequeno-almoço tomado com os jogadores). Na mítica invasão a Campo Maior neste ano, registar-se-ia a maior batalha campal da história SS, com tochas e bastões à mistura, da qual resultariam vários feridos e 15 detidos.Quantos mais estádios os SS visitavam, quantas mais claques conheciam, mais se apercebiam do real valor da mentalidade ultra que tinham. Para isso ajudavam os recentes cachecóis e o vasto material produzido. Já “fardados” a rigor, os núcleos proliferam no seio SS (10 ao todo), destacando-se os SS Fuzeta, SS Emissora, os GAT (Grupo anti tripeiros), SS Lisboa, SS Norte e as SS Girls. Influenciados pelos pais desde que nasceram a apoiar o clube de Faro, vários jovens sobressaem no seio da claque, muitos deles formando núcleos, outros colaborando de formas mais casuais (sendo o Fernando Nuno um bom exemplo), naquele que mais tarde, se iria definir como o núcleo duro da claque. Neste contexto nascem os SS Penha. Liderados por Pedro Leitão e Nuno Pudim, iriam revelar-se preponderantes na vida da claque nos primeiros anos, tanto no aspecto positivo (com presenças constantes de 50 elementos) como no negativo (devido à agressividade espalhada pela cidade). Surgem os SS Gelatiere, constituídos por elementos mais velhos em relação à média de idades da claque, de onda brota o emblemático Rui Roque.Aparecem os SS Budens, núcleo do concelho de Lagos, que apresentam cerca de 15 elementos no S. Luís frente ao Lyon.
A atitude revolucionária dos SS originava conflitos com a direcção do clube, sendo habituais as ofensas verbais durante os jogos tendo como alvo vários dirigentes. Como consequência e numa tentativa de isolar a claque, o topo sul passa a apresentar uma divisão em rede, delimitando um espaço exclusivo para os sócios SS com uma lotação de 350 pessoas. A entrada (a famosa porta SS) era controlada pelos dirigentes da claque que confirmavam o cartão de sócio SS (mediante o pagamento de 1000$00 por ano assistia-se a todos os jogos em casa). Na última deslocação da época, com o clube lutando para não descer de divisão, 60 ultras rumam à Luz de onde arrancam uma magnífica vitória (0-1), num jogo memorável para todos os presentes. A permanência garantida abafa uma época em que, mais que os resultados da equipa, os South Side crescem como grupo, sendo reconhecidos como das melhores claques do país, ficando em 3º lugar no referendo nacional da revista ULTRA e sendo referidos em várias publicações estrangeiras como a Sup´Mag (França), Super Tifo (Itália) e Super Hincha (Espanha), revistas de culto para todos os ultras. A euforia dos festejos esconde o fosso que aos poucos se construía à volta da equipa de futebol sénior do SC Farense. (...)"
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