E o Zé Mealha perguntava que se fartava, entre um ou dois copos com os amigos, um relato e um noticiário, lá lhe saía a crónica cheia de perguntas. Sobre a cidade em que vivia e o seu governo ou (des)governo. Sobre o Algarve. Sobre a vida.
Com o título “Perguntar não ofende” estas crónicas atravessaram durante anos as páginas de um jornal do qual não digo o nome porque só me apetece a seguir acrescentar vários adjetivos e nenhum deles lisonjeiro, quanto à forma como os novos proprietários do título trataram o Zé.
É isso, os patos bravos esquecem-se que o dinheiro não compra tudo e o Zé Mealha não era ‘comprável’. “Puseram-me uns patins, amiga” descrevia ele a situação, quando já lutava “com a merda do bicho”.
O Zé Mealha era um chato, devo confessar-vos. Porque não se calava, não desistia, e tinha sempre na ponta da língua a tal da pergunta, ainda que fosse inconveniente.
Trabalhar com ele era aturar um furacão, a saltar do desporto para a política, da política para a “sociedade” e daqui para o que mais aparecesse.
Aprendeu sozinho e com os outros que o rodeavam e ria-se de si próprio quando se entusiasmava: “olha lá o lençol que eu escrevi, vê lá se tiras prá aí uns linguados, amiga”, atirava já a caminho do petisco e dos amigos.
Devo ao Zé Mealha algumas das coordenadas da sociedade algarvia quando, recém chegada à região, tive o bom senso de o ouvir, sabendo bem demais que os jornalistas que estão próximos dos acontecimentos têm sempre um olhar mais informado.
Acreditava (e acredito) na imprensa regional como um dos pilares da informação de proximidade e nesta perspetiva partilhamos um projeto que se ficou por meia dúzia de edições, que acumulei com a função de correspondente de um semanário nacional de referência.
Muitos dos seus comentários, nunca os escrevi, mas serviram-me para saber quem era quem e quem fazia o quê. O chamado “enquadramento”, tão precioso para que um profissional da informação não se perca na espuma dos dias e nas versões adocicadas e inevitavelmente incompletas das histórias.
Era generoso, o Zé Mealha e partiu cedo demais. Fica aqui a minha homenagem.
Por Conceição Branco In Observatório do Algarve
Com o título “Perguntar não ofende” estas crónicas atravessaram durante anos as páginas de um jornal do qual não digo o nome porque só me apetece a seguir acrescentar vários adjetivos e nenhum deles lisonjeiro, quanto à forma como os novos proprietários do título trataram o Zé.
É isso, os patos bravos esquecem-se que o dinheiro não compra tudo e o Zé Mealha não era ‘comprável’. “Puseram-me uns patins, amiga” descrevia ele a situação, quando já lutava “com a merda do bicho”.
O Zé Mealha era um chato, devo confessar-vos. Porque não se calava, não desistia, e tinha sempre na ponta da língua a tal da pergunta, ainda que fosse inconveniente.
Trabalhar com ele era aturar um furacão, a saltar do desporto para a política, da política para a “sociedade” e daqui para o que mais aparecesse.
Aprendeu sozinho e com os outros que o rodeavam e ria-se de si próprio quando se entusiasmava: “olha lá o lençol que eu escrevi, vê lá se tiras prá aí uns linguados, amiga”, atirava já a caminho do petisco e dos amigos.
Devo ao Zé Mealha algumas das coordenadas da sociedade algarvia quando, recém chegada à região, tive o bom senso de o ouvir, sabendo bem demais que os jornalistas que estão próximos dos acontecimentos têm sempre um olhar mais informado.
Acreditava (e acredito) na imprensa regional como um dos pilares da informação de proximidade e nesta perspetiva partilhamos um projeto que se ficou por meia dúzia de edições, que acumulei com a função de correspondente de um semanário nacional de referência.
Muitos dos seus comentários, nunca os escrevi, mas serviram-me para saber quem era quem e quem fazia o quê. O chamado “enquadramento”, tão precioso para que um profissional da informação não se perca na espuma dos dias e nas versões adocicadas e inevitavelmente incompletas das histórias.
Era generoso, o Zé Mealha e partiu cedo demais. Fica aqui a minha homenagem.
Por Conceição Branco In Observatório do Algarve
Fica a memória duma figura incontornável d'Os media algarvios, que foi para mim ao longo dos anos um dos maiores elos de ligação ao Clube do meu coração, quando não me podia deslocar ao S. Luís... Os relatos na extinta Rádio Clube do Sul, quando o nosso Farense era um dos "grandes", será recordados com saudade agora que este nosso amigo farense partiu.
Desde já endereço os mais sentidos pêsames à Família do Sr. José Mealha.
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