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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Câmara de Faro mantém decisão de reduzir horário da Receção ao Caloiro





O presidente da Câmara de Faro Macário Correia recusou esta quarta-feira voltar atrás com a decisão de reduzir o horário da festa de Receção ao Caloiro, a decorrer naquela cidade.

Um anúncio feito pelo autarca após ter sido confrontado pelos estudantes da Universidade do Algarve numa reunião de Câmara, alegando que recebeu queixas de barulho excessivo de «partidos políticos, cidadãos e entidades».

Esta justificação foi dada a uma delegação de alunos da Universidade do Algarve, liderada pelo presidente da Associação Académica da instituição (AAUAlg) Guilherme Portada, que este na reunião do executivo, aberta ao público, para exigir que a autarquia reconsiderasse a decisão de diminuir o horário de funcionamento do recinto.

No exterior dos Paços do Concelho, onde a reunião decorreu, concentraram-se centenas de universitários, que gritaram palavras de ordem contra a medida e chegaram mesmo a obrigar a uma interrupção na Reunião de Câmara.

Aos estudantes que estavam no Salão Nobre, Macário Correia frisou nada ter contra as suas atividades académicas, mas que tinha de atender «aos legítimos pedidos» da população, que se queixou de ruído excessivo «até altas horas da madrugada».

Sendo um evento que dura dez noites, o autarca disse não poder subscrever uma autorização que coloca em causa o descanso dos moradores das ruas adjacentes à festa, já que «as pessoas acordam cedo para trabalhar e as aulas já começaram».

Quanto a emissão de duas licenças, a segunda das quais bastante restritiva, na opinião dos estudantes, Macário Correia justificou que a primeira tinha sido emitida sem seu conhecimento e «sem ter em conta um parecer do departamento responsável».

«Ainda permiti que esta licença vigorasse uma noite, mas quando no dia seguinte, pela sete horas da manhã, passei no local, deparei-me com garrafas de vidro e copos de plástico na zona fora do recinto e na faixa de rodagem», revelou.

Aliado às queixas de ruído que foi recebendo ao longo de terça-feira, «que não foram uma nem duas», o presidente da Câmara de Faro decidiu emitir uma nova licença, onde o horário de fecho era estipulado para as 2 horas para todos os dias do evento menos a próxima sexta-feira, em que poderá funcionar até às 3 horas.

Uma situação que está longe de agradar os estudantes, nomeadamente a AAUAlg que organiza o evento, já que «foram assumidos compromissos» que não poderão ser cumpridos.

No sábado, por exemplo, é noite de «Alcoolização dos Perús», uma iniciativa emblemática da Receção ao Caloiro e para a qual já está contratado um DJ de renome.

Esta festa, disse Guilherme Portada já depois de abandonar o Salão Nobre, «não vai decorrer em Faro», mas ainda não foi decidido onde se realizará. No passado, a escolha recaiu durante muitos anos na discoteca Kadoc.

A decisão de trazer para Faro a «Alcoolização dos Perus» esteve ligada a questões de segurança, nomeadamente rodoviária. «Se houver algum acidente grave, a responsabilidade será do engenheiro Macário», disse o presidente da AAUAlg.


In Barlavento Online



A decisão da Câmara Municipal de Faro, personificada na figura do seu líder máximo, Macário Correia é no meu entender justificada.


O presidente da Câmara Municipal de Faro, é o presidente de todos os farenses, e desta forma não pode nem deve prejudicar largos milhares de residentes durante vários dias seguidos, em beneficio da diversão (e por vezes mais que isso...) de pouco mais de mil estudantes que ocupam por estes dias o parque de estacionamento livre situado no centro da cidade. Quando Faro, capital de distrito do Algarve, em pleno século XXI ainda não dispõe de um espaço vocacionado para este tipo de eventos, sendo ocupado um espaço nobre da cidade, há que avaliar primeiramente a dimensão e projecção do evento, para se decidir se os farenses tem que fazer sacrifícios... Ora, neste caso concreto, a Recepção ao Caloiro, no meu entender não tem uma abrangência transversal na sociedade farense, pelo que, às excepção dos participantes no evento, creio que serão poucos os farenses que não concordarão com a medida de Macário Correia.


Aliás, esta situação não se tratará mais do que uma arma de arremesso político por parte do dirigente da JS Faro, e também da Associação Académica da Universidade do Algarve, Guilherme Portada, curiosamente o filho do grande amigo de Macário Correia, o Sr. José Apolinário... Por isso se torna caricata toda esta manifestação, tendo em conta os motivos em causa, para além de se lamentarem afirmações demagogas como "Se houver algum acidente grave, a responsabilidade será do engenheiro Macário", interrogando-nos se nos outros anos, e tendo em conta que a alcoolização dos perus era na Kadoc, se algum dirigente da AAUALG foi parar à cadeia por homicídio por negligência...


Com tudo isto, creio que num evento como a Semana Académica, o regime de excepção com horários alargados para o funcionamento dos recintos é justificado tendo em conta a importância do evento, mas deverá haver bom senso das partes envolvidas, pois a imagem acaba por não ser dignificante, primeiro devido à emissão de dois pareceres diferentes e depois pela discussão do tema central...

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