Um vitória na Torre pode ser sinónimo de vitória na Volta a Portugal e também uma questão da mais ou menos força, mas por trás do triunfo está um trabalho quase científico.
É por isso que Benjamim Carvalho, médico do Palmeiras Resort-Prio, sabe que “David Blanco deve fazer uma média de 80 rotações por minuto” nos 28,5 quilómetros da subida à Torre, ponto final da etapa rainha da Volta, na quinta feira.
“A cadência tem a ver com a genética de cada um. Uns têm mais fibra branca, outros fibra vermelha e utilizam os seus andamentos conforme a sua histologia muscular”, explica o clínico, sublinhando que o espanhol, no caso da Torre, aplica um ‘andamento’ de 38/17, ou seja, pedaleira de 38 dentes e carreto de 17.
Trata-se de uma “cadência intermédia, nem muito pesada, nem muito leve”. E a regra, “em montanhas de longa duração, é utilizar um ou dois dentes abaixo do que normalmente utilizam”, para que os músculos digam sim quando for preciso meter mais um dente para atacar ou responder a ataques.
“Normalmente, quando ele ataca no final, mete sempre mais andamento. (…) Um ou dois quilómetros antes do final de montanhas longas, ele mete sempre a pedaleira grande, pelo facto de ter poupado energia nos quilómetros anteriores. Nem todos os ciclistas conseguem fazer isso”, acrescentou.
Neste processo, Blanco, que tem um Índice de Massa Corporal (IMC) de 20 (distribuição do peso pela estrutura), desenvolve uma potência de 6 watts por quilo de peso, o que representa 420 watts para os seus 69 quilos, um menos do que no ano passado e que lhe permite responder melhor às exigências da montanha.
Normalmente, um corredor desenvolve 5 a 6 watts por quilo. Depois há casos raros, como o de Lance Armstrong, sete vezes vencedor da Volta a França, que produz entre 6 e 6,5, com um IMC de 23. “Não é de um trepador”, diz Benjamim Carvalho.
Neste pelotão, o médico da equipa de Tavira, não vê ninguém que se destaque pela cadência de pedalada. “A nós chama-nos a atenção ciclistas que trabalham com demasiada cadência, como é o caso de Lance Armstrong, ou com cadência diminuída, como era o Jan Ullrich”.
“Ficámos por vezes entusiasmados com as cadências elevadas do Armstrong, mas ele consegue fazer isso com andamentos elevados. Houve uma tentativa de imitação, mas os nossos ciclistas verificaram que conseguiam cadências elevadas, mas com andamentos mais baixos e logo muito menos eficazes. Portanto, a cadência genética tem muito a ver com a capacidade de utilização de oxigénio de cada um”, acrescentou.
Nesse aspeto, Blanco também é um ciclista relativamente “privilegiado”, sobretudo no contrarrelógio, porque tem um VO2 máximo (volume de oxigénio) de “76 mililitros por minuto e por quilo”. Mas também uma equipa talhada para ajudá-lo na montanha.
“O grande segredo da nossa equipa na montanha é ter quatro ciclistas, que têm todos 56 quilos, portanto não andam com o saco de batatas às costas e conseguem subir muito melhor”, explicou.
O campeão nacional Rui Sousa (Barbot-Siper) sente-se como peixe na água na montanha e explica que, normalmente, usa uma “pedaleira 39 com uma mudança de 19, 21 ou 23, dependendo da velocidade e das forças”.
Ao lado da pedaleira de 39, está o ‘prato’ de 53 dentes, que se combinam com os carretos de 11 a 25. “Indo na 53 e no 11, é o andamento mais pesado e que desenvolve mais. É um andamento adequado para descidas e terrenos planos onde se anda a mais velocidade”, explicou.
No sprint utiliza-se o andamento mais pesado, “ normalmente o 53 com 11 ou 12 atrás, para pedalar menos e ganhar mais velocidade”, e que significa rolar sensivelmente 10 metros só com uma pedalada.
In Jornal do Algarve
É por isso que Benjamim Carvalho, médico do Palmeiras Resort-Prio, sabe que “David Blanco deve fazer uma média de 80 rotações por minuto” nos 28,5 quilómetros da subida à Torre, ponto final da etapa rainha da Volta, na quinta feira.
“A cadência tem a ver com a genética de cada um. Uns têm mais fibra branca, outros fibra vermelha e utilizam os seus andamentos conforme a sua histologia muscular”, explica o clínico, sublinhando que o espanhol, no caso da Torre, aplica um ‘andamento’ de 38/17, ou seja, pedaleira de 38 dentes e carreto de 17.
Trata-se de uma “cadência intermédia, nem muito pesada, nem muito leve”. E a regra, “em montanhas de longa duração, é utilizar um ou dois dentes abaixo do que normalmente utilizam”, para que os músculos digam sim quando for preciso meter mais um dente para atacar ou responder a ataques.
“Normalmente, quando ele ataca no final, mete sempre mais andamento. (…) Um ou dois quilómetros antes do final de montanhas longas, ele mete sempre a pedaleira grande, pelo facto de ter poupado energia nos quilómetros anteriores. Nem todos os ciclistas conseguem fazer isso”, acrescentou.
Neste processo, Blanco, que tem um Índice de Massa Corporal (IMC) de 20 (distribuição do peso pela estrutura), desenvolve uma potência de 6 watts por quilo de peso, o que representa 420 watts para os seus 69 quilos, um menos do que no ano passado e que lhe permite responder melhor às exigências da montanha.
Normalmente, um corredor desenvolve 5 a 6 watts por quilo. Depois há casos raros, como o de Lance Armstrong, sete vezes vencedor da Volta a França, que produz entre 6 e 6,5, com um IMC de 23. “Não é de um trepador”, diz Benjamim Carvalho.
Neste pelotão, o médico da equipa de Tavira, não vê ninguém que se destaque pela cadência de pedalada. “A nós chama-nos a atenção ciclistas que trabalham com demasiada cadência, como é o caso de Lance Armstrong, ou com cadência diminuída, como era o Jan Ullrich”.
“Ficámos por vezes entusiasmados com as cadências elevadas do Armstrong, mas ele consegue fazer isso com andamentos elevados. Houve uma tentativa de imitação, mas os nossos ciclistas verificaram que conseguiam cadências elevadas, mas com andamentos mais baixos e logo muito menos eficazes. Portanto, a cadência genética tem muito a ver com a capacidade de utilização de oxigénio de cada um”, acrescentou.
Nesse aspeto, Blanco também é um ciclista relativamente “privilegiado”, sobretudo no contrarrelógio, porque tem um VO2 máximo (volume de oxigénio) de “76 mililitros por minuto e por quilo”. Mas também uma equipa talhada para ajudá-lo na montanha.
“O grande segredo da nossa equipa na montanha é ter quatro ciclistas, que têm todos 56 quilos, portanto não andam com o saco de batatas às costas e conseguem subir muito melhor”, explicou.
O campeão nacional Rui Sousa (Barbot-Siper) sente-se como peixe na água na montanha e explica que, normalmente, usa uma “pedaleira 39 com uma mudança de 19, 21 ou 23, dependendo da velocidade e das forças”.
Ao lado da pedaleira de 39, está o ‘prato’ de 53 dentes, que se combinam com os carretos de 11 a 25. “Indo na 53 e no 11, é o andamento mais pesado e que desenvolve mais. É um andamento adequado para descidas e terrenos planos onde se anda a mais velocidade”, explicou.
No sprint utiliza-se o andamento mais pesado, “ normalmente o 53 com 11 ou 12 atrás, para pedalar menos e ganhar mais velocidade”, e que significa rolar sensivelmente 10 metros só com uma pedalada.
In Jornal do Algarve
Este é sem dúvida um dos melhores médicos ao serviço da modalidade em Portugal... Desde que começou a trabalhar com a equipa profissional de Tavira que alguns ciclistas como Nélson Vitorino ou mesmo Krasimir Vasilev, chegarem ao níovel competitivo que demosntram, o que aliado a outras situações como o fortalecimento financeiro do projecto desportivo e a sabedoria tavirense na escolha de valores para composição do plantel, sem descurar a formação de jovens ciclistas no terreno... No caso de David Blanco é espantosa a capacidade deste galego/algarvio, aqui enunciada pelo especialista da equipa de Tavira...
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