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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Faro: Mercado Municipal deve mais de 13 milhões euros


O Mercado Municipal de Faro está mergulhado em dívidas superiores a 13 milhões de euros, essencialmente dívidas a fornecedores, empreiteiro e banca. O Conselho de Administração (CA) aponta o dedo aos anteriores administradores.

O mercado deve 11,5 milhões à banca e 1,5 milhões a fornecedores e empreiteiro, sendo que as despesas fixas mensais são superiores às receitas. Segundo fonte do actual CA, as despesas fixas mensais rondam os 107 mil euros, enquanto as receitas fixas mensais ficam-se pelos 82 mil euros.

“É impossível pagar os compromissos financeiros mensais, como é o caso da limpeza do edifício”, exemplifica a mesma fonte, segundo a qual um dos problemas tem a ver com as taxas de utilização pagas pelos comerciantes que são “absurdas e injustas”.

Um operador antigo (que transitou do mercado antes das obras de remodelação) paga 2.29 euros m/2, independentemente da área de negócio. O operador novo paga 12 euros m/2 para lojas e restaurantes, 8.98 euros m/2 para pescado e charcutarias e 3.98 m/2 para fruta e outras áreas de negócio.

O Conselho de Administração do mercado sublinha que as taxas de utilização “são a única fonte de receita” e que se assim se mantiverem o mercado torna-se inviável. Só com despesas de limpeza a dívida chegou a atingir os 200 mil euros, estando neste momento em cerca de 150 mil.

Refira-se que o Mercado Municipal de Faro começou a laborar com três parceiros: Câmara Municipal, SIMAB – Sociedade Instaladora de Mercados Abastecedores, e MARF – Mercado Abastecedor da Região de Faro. Mas estes dois últimos saíram da sociedade em 2009, deixando a infraestrutura à responsabilidade única da Autarquia. Como contrapartida injectaram 2,5 milhões de euros, que de acordo com o actual CA, foram utilizados para “pagamentos sem qualquer nexo nem rigor, feitos aleatoriamente sem referência à data dos débitos ou a qualquer outro critério perceptível”. “Pagou-se por inteiro a um credor e nada a outros. Foram ignorados os créditos da limpeza e da vigilância”, remata a mesma fonte.

Agora a solução, diz o CA, passa por “contenção de custos em todas as suas vertentes, racionalização dos meios disponíveis, e a urgente actualização das taxas de utilização aos operadores antigos até porque a concorrência é desleal, uma vez que quem paga 500 euros de renda, nunca poderá competir em termos de preços de venda ao público, com quem paga 100”.

“Se todos os operadores pagassem de igual modo, a receita mensal subiria de 82.000 euros para 93.000 euros. Não é aceitável, por elementar bom senso, que estabelecimentos de restauração com facturação legal de centenas de milhares de euros, paguem pouco mais de 200 euros de renda mensal, numa zona central da cidade e sem encargos de manutenção e de limpeza, nem mesmo das esplanadas”, diz ainda o CA.

Por outro lado está em curso uma negociação com a banca com vista a alongar o prazo de pagamento de um para 20 anos.

Recorde-se, o Mercado foi alvo de obras de remodelação que começaram em 2001. Durante anos tiveram lugar sucessivas confusões e adiamentos, vindo o novo mercado a abrir ao público apenas em 7 de Fevereiro de 2007.



Faro/Mercado: PS diz que executivo PSD/PP “enganou os farenses”

O PS Faro reagiu às acusações do Conselho de Administração (CA) do Mercado Municipal e diz que o actual executivo PSD/PP na Autarquia “enganou os farenses” e quer “penalizar os operadores tradicionais”.

O CA do Mercado Municipal de Faro emitiu um comunicado esta terça-feira a dar conta das dívidas daquela infraestrutura, que ascendem a 13 milhões de euros, culpando a anterior administração e considerando que as taxas dos operadores têm de ser revistas (ver notícia relacionada).

Agora os socialistas reagem e dizem que “esta intenção de aumento das taxas fora denunciada pelo PS aquando da campanha eleitoral” e que, além de o negar inicialmente, “para conseguir os seus objectivos o executivo municipal através da empresa presidida pelo presidente distrital do Partido Popular, acena com um caso ou casos pontuais, de hipotética gestão danosa, em módulo ou loja. Pura demagogia!”.

“Se algo houver a esclarecer que se esclareça ou corrija. Numa Câmara da dimensão de Faro, incomparável com Tavira, podem surgir erros administrativos, mas crime ou intenção de o praticar é coisa bem diferente”, defende o líder do PS Faro, João Marques, em comunicado.

O PS recorda que em 2005 o Mercado Municipal de Faro “era uma obra inacabada e sem fim à vista, com 18 milhões de euros de investimento parados”. E que à conta da “capacidade de negociação e de visão política” do então executivo PS, “vieram a Loja do Cidadão, os Serviços de Finanças, novos operadores, uma estrutura de distribuição alimentar, representando uma receita anual em rendas próxima de um milhão de euros”.

“Não é sério, é antes uma vergonha, procurar destruir os operadores do mercado tradicional, sobretudo quando anteriormente, em campanha eleitoral, se prometeu exactamente o contrário”, diz o PS, rematando que aceita propostas “de quem faça melhor (...) Se o actual executivo PSD/PP não pode ou não sabe fazer melhor, então aqui fica um pedido: não estrague!”. In Barlavento Online



Parece-me que mais do que discutir se a taxa X deve ser aumentada e a Y não, e pegar em afirmações do passado para atacar medidas do actual Executivo, que se depara com um prejuízo constante desta empresa camarária, é perceber de quem foi a brilhante ideia de construir uma infra-estrutura tão grande e dispendiosa, que necessariamente irá acarretar custos no futuro... Já no passado havia escrito sobre isso neste espaço e por muito que me custe a mim e aos farenses, o facto é que o actual Mercado Municipal é muito imponente mas é demais para a "nossa camioneta"... E se João Marques se regozija de ter o seu Executivo conseguido fechar contrato com o grupo Auchan para a ocupação do piso -1, com um supermercado Pão de Açúcar, pergunto eu se isso não foi uma solução à pressa para compensar as megalomanias da gestão camarária de outrora, que projectou uma unidade de comércio tradicional, ocupada também por uma supermercado de um grupo económico muito competitivo na área da alimentação, desvirtuando o que se quer dum Mercado Municipal e prejudicando os comerciantes de frutas que laboram no local (penso ser o caso mais gritante...).

A questão que se coloca agora é que esta empresa municipal têm um défice mensal médio de 25 mil euros e têm que se encontrar forma de equilibrar as contas. Aumentar as taxas será a medida mais fácil, mas creio que o caminho não será apenas esse, sendo preciso tomar outras medidas. E creio que o Sr. João Marques, como líder da Concelhia PS também deverá ter umas ideias, ou será que quando ele tomar posse da Câmara, vai deixar o défice avançar como tem acontecido na CMF desde à muitos anos?

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